V. Tudo novo de novo: o que será do SUS?

Por Rafael Barbosa, CEO da Bionexo

Fonte: Wikipédia

Nos textos anteriores mencionamos empresas, desenvolvimento tecnológico, a dinâmica dos prestadores privados – notadamente os listados em bolsa, e das empresas de tech. Ainda assim, um elemento segue sendo essencial quando se fala em saúde, especialmente no Brasil: o SUS. Para nós que trabalhamos na Faria Lima e já trocamos nossos passeios de patinete elétrico pelo suor das quadras de beach tennis é preciso relembrar que a saúde suplementar (privada) tem em suas carteiras cerca de 50 milhões de vidas, os outro cerca de 150 milhões de Brasileiros dependem do SUS. 

O sistema único de saúde é um grande patrimônio nacional, mas sabemos que existem problemas gigantes de qualidade e velocidade no atendimento. O sistema 100% público conta com o apoio das instituições filantrópicas para dar conta dos pacientes SUS e faz um trabalho heroico, dando conta de mais de 70% das cirurgias de alta complexidade do país, sem falar da atenção primária.

O orçamento para 2023 será o menor dos últimos 10 anos portanto, não há de se esperar uma virada de tabela radical. Apesar disso, os sinais do novo governo indicam um olhar mais atencioso ao SUS ou, no mínimo, um diálogo mais aberto com os agentes que compõem o setor. Um exemplo é a nova Lei complementar, firmada em 17 de Janeiro, que destinaria R$ 2 bilhões às Santas Casas e entidades filantrópicas.

Além disso, o esperado aumento do investimento nas universidades federais pode também beneficiar os Hospitais Universitários, agentes essenciais do setor. A criação da Secretaria de Saúde Digital no Ministério da Saúde, também é um caminho. O foco na ampliação da telemedicina e na criação de ambientes seguros para se trabalhar os dados do setor podem acelerar a criação e adoção de tecnologias digitais voltadas a resolver problemas de coordenação de cuidado, ampliação de acesso à atenção primária e outros desafios do setor público.

Leia a sequência de artigos:

I. Inteligência artificial: GPT3 e máquinas que agem

II. Fusões e consolidações: O abismo entre a planilha e a sinergia na prática

III. Piso da enfermagem, tributos e relação com operadoras

IV. Mar revolto para tech: um novo setup para healthtechs