Por Ubirajara Maia, Vice-Presidente de Tecnologia e Produto

Ao longo de uma semana intensa de palestras e painéis, tive o privilégio de participar da conferência HIMSS2023, uma das principais organizações de saúde digital do mundo. O evento em Chicago reuniu especialistas, líderes e profissionais da área da saúde e tecnologia, para discutir as últimas tendências e inovações na saúde digital, além da sua aplicação na prática clínica.
Durante os cinco dias de conferência, pude mergulhar em uma série de temas impactantes, desde inteligência artificial até equidade em saúde, passando por disrupção de modelos assistenciais, transformação digital e muitos outros. As discussões foram ricas e envolventes, com reflexões profundas sobre o presente e o futuro do setor e ainda, sobre como a tecnologia está transformando a forma como cuidamos dos pacientes e gerenciamos os sistemas de saúde.
Uma das principais impressões que tive durante a semana foi a crescente importância da equidade em saúde. Foram discutidas iniciativas práticas para promover a equidade no acesso a tecnologias digitais de saúde, abordando questões como o acesso a cuidados de qualidade, programas de telemedicina acessíveis e a importância de rastrear e monitorar os determinantes sociais de saúde.
“Foi discutida a importância de uma transformação digital inclusiva na saúde, garantindo igualdade de acesso a cuidados de qualidade para todas as populações, especialmente as mais desassistidas. Empresas de tecnologia devem ter em mente esse objetivo com o avanço de tecnologias como 5G e IA.”
Equidade em saúde: por que isso importa para o setor e como pode transformar o acesso aos cuidados médicos
A equidade em saúde, de acordo com a, refere-se à ausência de diferenças evitáveis na saúde entre diferentes grupos populacionais, e hoje, pelo menos metade da população mundial não tem cobertura total dos serviços essenciais de saúde.
Segundo a WHO, todas as pessoas devem ter a mesma oportunidade de alcançar um estado de saúde ótimo, independentemente de sua origem socioeconômica, etnia, gênero, idade ou outra característica pessoal, como:
A equidade em saúde, de acordo com a World Health Organization, é a ausência de diferenças evitáveis na saúde entre diferentes grupos populacionais. Infelizmente, mais da metade da população mundial ainda não tem acesso total aos serviços essenciais de saúde.
É fundamental que todas as pessoas tenham igualdade de oportunidades para alcançar um estado de saúde ótimo, independentemente de sua origem socioeconômica, etnia, gênero, idade ou outras características pessoais. Entre os principais pontos de destaque em relação à equidade em saúde, podemos citar:
- Disparidades de saúde
- Determinantes sociais
- Acesso a cuidados
- Educação
- Políticas de saúde e equidade
- Participação comunitária
IA na saúde
Outro tema central que permeou a conferência foi a crescente importância da “jornada” em inteligência artificial na área da saúde. Palestras e painéis abordaram como a IA está sendo aplicada em diagnósticos, tratamentos, gestão de dados e melhoria dos resultados dos pacientes. No entanto, também foi destacada a necessidade de priorizar a segurança do paciente, a privacidade e as considerações éticas ao utilizar a IA na prática clínica.
“Essa reflexão levou-me a repensar como a tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa na área da saúde, mas também requer cuidados e atenção aos princípios éticos e de segurança.”
Alguns tópicos relevantes:
- Assistência clínica: pode ser usada para fornecer suporte a médicos e profissionais de saúde na tomada de decisões clínicas, fornecendo insights baseados em dados e evidências para auxiliar no planejamento do tratamento, monitoramento de pacientes, previsão de resultados e identificação de intervenções adequadas.
- Saúde digital e monitoramento: pode ser usada em aplicativos de saúde e dispositivos vestíveis para monitorar e coletar dados de saúde dos pacientes, permitindo a detecção precoce de problemas de saúde e a promoção de hábitos saudáveis.
- Personalização do tratamento: pode ajudar a desenvolver tratamentos personalizados com base nas características genéticas e biomarcadores dos pacientes, levando em consideração sua condição de saúde específica, histórico médico e outras informações relevantes.
- Pesquisa médica: pode acelerar a descoberta e o desenvolvimento de novos medicamentos, identificar padrões em grandes conjuntos de dados de pesquisa e ajudar na análise de ensaios clínicos.
- Telemedicina: pode ser usada na telemedicina para oferecer triagem virtual, assistência médica remota e monitoramento de pacientes à distância, ampliando o acesso aos cuidados de saúde, especialmente em áreas remotas ou com recursos limitados.
Supply Chain: qualidade, segurança e acesso na saúde
Além disso, a conferência também abordou o aumento crescente dos custos de mão de obra na saúde que tem levado as organizações a adotarem uma abordagem estratégica para enfrentar esse desafio. Isso inclui a gestão eficiente da cadeia de suprimentos, que se tornou mais estratégica do que nunca.
A gestão da cadeia de suprimentos na área da saúde abrange desde a compra de suprimentos médicos até a logística de distribuição desses produtos, garantindo o suprimento adequado de produtos e serviços de saúde ao mesmo tempo em que busca reduzir custos e melhorar a eficiência operacional. É uma abordagem essencial para garantir a qualidade, segurança e acesso adequado aos produtos e serviços necessários para o cuidado dos pacientes.
Referências:
World Health Organization (WHO). (2020). Health Equity. Disponível em: https://www.who.int/teams/social-determinants-of-health/equity-and-health
Global, regional, and national levels and trends in under-5 mortality between 1990 and 2015. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/langlo/article/PIIS2214-109X(21)00515-5/fulltext
* Ubirajara Maia é mestre em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), possui MBA em Finanças, Auditoria e Controladoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com destaque na participação do Media X, programa de pesquisa e inovação da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. É Vice-Presidente de Tecnologia e Produto da Bionexo.