Como a tecnologia para gestão de OPME pode ajudar a atender a demanda represada.
por Ubirajara Maia, Vice-presidente de Produto e Tecnologia na Bionexo
Em março de 2021, o Brasil passou semanas como país líder em mortes diárias por Covid-19 no mundo, segundo dados do site Our World in Data. Com menos de 3% da população mundial, éramos responsáveis por 22% do total de novos óbitos e 16% dos novos casos em escala global. Embora anunciada desde o ano passado, a segunda onda do novo coronavírus expôs a fragilidade do setor de saúde em conter o seu potencial devastador.
Em meio ao desespero das vítimas e medidas emergenciais de contenção do vírus, os hospitais públicos e privados em todo o país, anunciaram novamente a paralisação dos procedimentos eletivos, repetindo o cenário que vivemos no ano passado, quando houve queda de 61,4% nas cirurgias eletivas realizadas pelo SUS no primeiro quadrimestre, conforme dados do Ministério da Saúde, e um recuo de 32% nos exames e consultas eletivas previstos para 2020, segundo a Associação Nacional de Hospitais Privados.
Nesta verdadeira operação de guerra em que enfermidades são priorizadas por ordem de gravidade, as consequências podem ser irreversíveis aos pacientes que há mais de um ano postergam a manutenção da própria saúde, comprometida por doenças oncológicas, endócrinas, cardiovasculares e respiratórias, entre outras, que resultam, por exemplo, em câncer e diabetes.
Contanto, o “apagão” das cirurgias e procedimentos eletivos cobrará um preço alto não apenas dos pacientes, mas do sistema nacional de saúde como um todo. Dessa forma, é primordial que as instituições de saúde se preparem para atender à demanda represada de pacientes quando a pandemia estiver melhor controlada, mesmo que este momento esteja distante da realidade.
Nesse ponto, um dos segmentos mais impactados pela alta nas cirurgias eletivas será o de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME), mercado de alta complexidade e alto custo, cuja gestão eficiente será essencial para a agilidade e atendimento de tais cirurgias. Porém, o setor ainda se depara com desafios de longa data como o alto custo dos materiais, ausência de protocolos e falta de interação entre os agentes.
Não é novidade que as tecnologias aplicadas à saúde já são uma realidade, e com as OPMEs não é diferente. Hoje existem soluções digitais que permitem uma gestão inteligente e 100% digital sobre os itens, incluindo avaliação dos fornecedores, mapeamento dos processos, monitoramento dos materiais da cotação ao uso; Automação dos processos de autorização de entrega; Redução do tempo de recebimento das notas fiscais; padronização de protocolos; Indicação automática de produtos de estoque; Redução do tempo de cotação, entre outros. Por meio de soluções tecnológicas aplicadas à gestão de OPME, os hospitais conseguem reduzir em até 35% o tempo de liberação de cirurgias, tornando o mercado mais ágil e eficiente em momentos de alta demanda.
Um case interessante é o Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, considerado recentemente a melhor unidade hospitalar pública do Brasil pelo ranking internacional World’s Best Hospitals. No fim de 2019, a instituição substituiu o então sistema próprio e manual de controle de gestão de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME) pelo Biotracker, uma plataforma de gestão automatizada de estoques desenvolvida pela Bionexo, health tech líder em soluções digitais para gestão em saúde no Brasil.
Por meio da integração de software e hardwares com tecnologia RFID, o sistema totalmente digital permitiu um melhor gerenciamento, controle e rastreio completos dos itens no estoque, assegurando redução de custos operacionais, maior segurança e transparência nas informações acessadas em tempo real e uma ampla visibilidade do ciclo de reposição. Em pouco tempo, o hospital reduziu em 90% inconsistências no processo de faturamento e passou a localizar os dados dos pacientes em tempo real (antes eram necessárias 48 horas).
Se a pandemia do coronavírus evidenciou a necessidade da digitalização da saúde no país, o mundo pós-pandemia carregará o legado dos seus inúmeros benefícios para o setor. Cuidar dos pacientes eletivos será um desafio à altura da pandemia, e a tecnologia deve ser aliada das instituições de saúde nesta nobre missão de antecipar crises para salvar vidas.