O setor de planos de saúde teve um movimento intenso em 2020, com cerca de 1,3 bilhão de consultas médicas, exames, terapias, cirurgias e procedimentos odontológicos, de acordo com dados fornecidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Tudo isso gerou um custo expressivo de aproximadamente R$ 188 bilhões para as operadoras de planos de saúde ao longo do ano. No Brasil, o modelo de remuneração mais adotado para os serviços de saúde é conhecido como “Fee for Service,” que, em português, significa “pagamento por serviço.”
Mas, o que é o Fee for Service, como ele opera e quais são os desafios que ele traz, especialmente na área da saúde? Neste artigo, vamos abordar de maneira simples e direta essas questões.
O que é o Fee for Service?
O Fee for Service, ou “pagamento por serviço,” é um modelo de pagamento amplamente utilizado em diversos setores, incluindo a área da saúde. Nesse sistema, os prestadores de serviços de saúde, como médicos, hospitais e clínicas, recebem pagamento com base nos serviços que oferecem a cada paciente.
Em outras palavras, eles ganham uma taxa por cada consulta médica, procedimento cirúrgico, exame de laboratório ou tratamento realizado. Dessa forma, é essencial compreender como esse modelo funciona para entender sua influência no sistema de saúde.
Como funciona o Fee for Service?
Para compreender melhor o funcionamento do FFS, imagine que você visita um médico para tratar uma condição de saúde. O médico realiza uma consulta e faz um diagnóstico, após o que recomenda um tratamento. Cada etapa desse processo é registrada e cobrada individualmente. Assim, você paga pela consulta em si, pelos exames realizados, pelos medicamentos prescritos e, se necessário, pelos procedimentos cirúrgicos.
Dessa forma, a remuneração é determinada com base no que foi efetivamente utilizado no atendimento, incluindo consultas, exames, materiais, medicamentos, diárias hospitalares e recursos humanos, entre outros elementos que são detalhadamente especificados e discriminados em uma fatura.
Os Desafios do Fee for Service na Saúde
Embora o sistema de Fee for Service tenha suas vantagens, como a flexibilidade na escolha dos prestadores de serviços e a ampla disponibilidade de tratamentos, ele também enfrenta desafios significativos, especialmente no contexto da saúde:
Incentivo ao Volume
O FFS frequentemente estimula a realização de procedimentos desnecessários, uma vez que os prestadores de serviços ganham mais dinheiro quanto mais serviços são prestados. Isso pode elevar os custos de saúde sem necessariamente melhorar a qualidade do atendimento.
Falta de Coordenação
Como cada serviço é cobrado separadamente, pode haver falta de coordenação no cuidado ao paciente, resultando em lacunas no tratamento e falta de comunicação entre os diferentes profissionais de saúde envolvidos no cuidado de um paciente.
Acesso Limitado
Para alguns pacientes, especialmente aqueles sem planos de saúde, o FFS pode criar barreiras financeiras ao acesso aos cuidados de saúde, já que os custos podem se acumular rapidamente.
Foco na Doença em Vez da Prevenção
O modelo FFS tende a se concentrar mais no tratamento de doenças existentes do que na prevenção. Isso pode levar a um sistema de saúde reativo, em vez de proativo.
Existem, portanto, vários modelos de pagamento alternativos ao Fee for Service (FFS) na área da saúde, os quais buscam superar os desafios associados ao FFS e, assim, promover uma prestação de cuidados de saúde mais eficiente e coordenada.
Aqui estão alguns dos modelos mais comuns:
Pagamento por Desempenho
Também conhecido como P4P, nesse modelo, os prestadores remuneram com base em métricas de desempenho e qualidade, como indicadores de saúde do paciente, taxas de readmissão hospitalar e satisfação do paciente. O objetivo é recompensar a prestação de cuidados de alta qualidade.
Pagamento Global Capitado (Capitation)
No modelo de pagamento por capitação, uma quantia fixa é fornecida ao centro de saúde. O centro de saúde é responsável por gerenciar esse valor para garantir que possam continuar a prestar atendimento e realizar os procedimentos necessários. A instituição de saúde deve manter bons indicadores de desempenho para ter sucesso nesse modelo, mas também assume a responsabilidade se a quantia recebida não for suficiente para cobrir os custos.
Orçamento Global Ajustado
No pagamento por orçamento global ajustado, o estabelecimento de saúde recebe um valor mensal calculado com base em seu histórico de receitas. A instituição estabelece um montante global que abrange todos os serviços que ela presta. Se a demanda por atendimentos e procedimentos mais complexos aumentar, a instituição pode ajustar esse valor.
O Fee for Service é um sistema de pagamento comum na área da saúde, onde os prestadores de serviços são remunerados com base nos serviços prestados. Embora tenha suas vantagens, como a flexibilidade, ele enfrenta desafios, como o incentivo ao volume e a falta de coordenação.